Caracterização

Principais Características da Freguesia de São Brás de Alportel

Anexa a Santa Maria de Faro, São Brás de Alportel, era no séc. XV, um lugar com uma simples ermida. Data de 1518 a primeira alusão a São Brás de Alportel, mas apenas nos alvores do séc. XVII, é reconhecida como freguesia. A partir de então, torna-se residência de veraneio dos bispos do Algarve, atraídos pelo excelente clima da região. No final do séc. XIX é já a mais rica freguesia de Faro e em 1914 é elevada a concelho, por acção de um conjunto de são-brasenses, de onde se destaca o nome do republicano João Rosa Beatriz.

A constituição da vila de São Brás de Alportel e dos aglomerados populacionais mais importantes da freguesia foi estruturada a partir da passagem e cruzamento, no século passado, de duas importantes vias de comunicação nacionais – a Estrada Nacional nº 2, entre Faro e Almodôvar e a Estrada Nacional 270, entre Tavira e Boliqueime.

Terra de bons ares, a freguesia é rica em qualidades ambientais, testemunhadas pela implantação do Sanatório Carlos Vasconcelos Porto, em inícios do século passado.

A nível geográfico, a freguesia é caracterizada pela transição entre as zonas do barrocal e da serra, divididas pela gola mediterrânica, de solos vermelhos.

A norte, a serra ocupa cerca de 65% da área da freguesia, apresentando solos magros, pobres para a agricultura, com xistos e relevo muitas vezes declivoso. Grande parte da sua flora é constituída por mato, com vegetação densa, mas em algumas áreas podemos encontrar espécies arbóreas de tradição mediterrânica, como sobreiros, medronheiros e azinheiros. No montado de sobro da antiga Serra de Mú, extrai-se uma das melhores cortiças do mundo, cuja exploração industrial, em inícios do séc. XX, foi responsável pelo grande crescimento da freguesia e pela sua autonomia do concelho de Faro. A História da comercialização e indústria da cortiça em Portugal está indiscutivelmente ligada à História de São Brás de Alportel.

A sul, o barrocal, onde os solos são calcários, do jurássico, e de melhor proveito agrícola. As terras aqui são mais férteis, acolhendo pequenas áreas hortícolas, como o pomar misto de sequeiro – as amendoeiras, as figueiras, as alfarrobeiras e as oliveiras – base da saborosa doçaria típica ; que coexistem com algumas superfícies de mato, onde predomina o carrasco. O barrocal possui relevos mais suaves, com áreas mais abertas e cotas pouco elevadas. É maior a abundância de água, a justificar a existência de um valioso património etnográfico: fontes, poços e noras, que testemunham a História destes Lugares.
Freguesia com forte cariz rural e população dispersa, pelos muitos sítios e lugares que preenchem o concelho, a atenuação das assimetrias é conseguida pela existência de uma excelente rede viária, cuja melhoria tem sido uma área prioritária de intervenção autárquica.

Actualmente, a população da freguesia cifra-se em cerca de 10.662 habitantes, conforme os Censos de 2011, com uma densidade populacional mais elevada na zona do Barrocal e nos maiores aglomerados urbanos, caracterizada pela fixação de uma faixa etária produtiva, oriunda ou não do concelho, e pela perspectiva de crescimento populacional.
A freguesia de São Brás de Alportel conheceu na última década um dos maiores crescimentos populacionais do país e soube aliar o crescimento e desenvolvimento, tradição e modernidade, alicerçando os pilares do progresso na defesa e salvaguarda da História, que a enforma e enriquece.
A estrutura económica tradicional é a pequena unidade agrícola, no barrocal, de sequeiro e regadio, e o montado de sobro, na serra. Paralelamente, a indústria extractiva de calcário e de brecha, e a indústria transformadora ganham alguma importância. A indústria corticeira continua a ser a indústria mais representativa do concelho, como o foi desde o século XIX. Na freguesia de São Brás de Alportel, produzem-se mais de 230 mil arrobas de cortiça por ano, da melhor qualidade e negocia-se mais de 60% da produção do país.
Actualmente, a fileira da cortiça atreve-se por novos caminhos, expande-se na exportação, levando além fronteiras a cortiça são-brasense a saborear os mais afamados champagnes do mundo; e envereda pelo sector da moda.